Segunda eu começo!
- Plinio von Zuben Jr
- há 6 dias
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O dilema entre o peso na balança e o peso emocional de nunca iniciar uma mudança é uma realidade que atormenta muitas pessoas. Por um lado, há o incômodo físico e psicológico de viver com um peso que não condiz com o desejado. Por outro, o medo de enfrentar o desafio e falhar, somado à infinidade de desculpas que surgem no caminho. É um ciclo vicioso: o desconforto do sobrepeso alimenta a frustração, e a frustração sustenta a inércia. Mas o que, de fato, pesa mais?
A decisão de começar a cuidar da saúde frequentemente é postergada por uma série de desculpas. "Hoje não dá, estou muito ocupado." "Vou esperar o próximo mês." "Começo na segunda-feira." Essas frases não são apenas pretextos inocentes; são mecanismos de defesa para evitar lidar com a possibilidade de fracasso ou até mesmo o desconforto inicial de sair da zona de conforto. Carol Dweck, em seu livro Mindset: A Nova Psicologia do Sucesso, explica que muitas pessoas têm um mindset fixo, acreditando que não são capazes de mudar ou que, se falharem, será uma confirmação de sua incompetência. Isso as paralisa antes mesmo de tentar.
Curiosamente, essas mesmas pessoas sabem, em algum nível, que precisam mudar. Elas se olham no espelho e evitam encontros sociais, como ir à praia ou a festas, para não encarar julgamentos externos ou internos. A balança não mede apenas quilos, mas também o peso da vergonha, da culpa e da comparação. É um paradoxo cruel: a pessoa se sente presa pelo peso de seu corpo e, ao mesmo tempo, pela ansiedade de dar o primeiro passo.
Mas o que acontece quando o peso de nunca começar começa a se acumular? Ao longo do tempo, os custos de adiar a mudança tornam-se claros. Não se trata apenas de saúde física — embora isso também seja um fator crucial, dado o risco aumentado de doenças como diabetes, hipertensão e problemas cardíacos. Trata-se também da saúde emocional. A procrastinação contínua cria um sentimento de impotência, uma crença de que se está preso em um ciclo sem saída. Pequenas ações consistentes são a chave para grandes mudanças. Adiar perpetuamente a decisão é exatamente o oposto: são pequenas não-ações que, somadas, constroem um fardo insustentável.
Por outro lado, é importante reconhecer que o início do processo de perda de peso também vem com seus próprios desafios. Adotar novos hábitos pode parecer assustador. A primeira caminhada pode ser cansativa. A restrição inicial de alimentos ultraprocessados pode gerar desconforto. É fácil transformar pequenos obstáculos em razões para desistir. No entanto, esses desafios são passageiros e fazem parte de qualquer jornada significativa. A chave está em mudar a narrativa interna. Em vez de encarar as dificuldades como sinais de fracasso, é preciso vê-las como etapas normais de aprendizado e crescimento.
O custo-benefício dessa escolha é claro. Permanecer inerte custa saúde, autoestima e qualidade de vida. Enfrentar os desafios do processo, por outro lado, traz ganhos que vão além do peso na balança. A energia aumenta, as roupas voltam a servir, a confiança ressurge, e a disposição para viver experiências — como ir à praia, dançar em uma festa ou brincar com os filhos — se multiplica. É como investir em um ativo valioso: o esforço inicial pode parecer alto, mas os dividendos são imensuráveis.
Aqueles que escolhem o peso de nunca começar frequentemente carregam consigo um fardo emocional que se torna mais pesado com o tempo. A culpa e o arrependimento acumulados consomem a alegria do presente. Em contrapartida, os que escolhem enfrentar o peso da jornada de mudança experimentam algo diferente: alívio, propósito e a percepção de que são mais fortes do que imaginavam.
A pergunta, portanto, não é apenas "o que pesa mais?", mas "o que você está disposto a carregar?". Carregar o peso de nunca tentar significa abdicar de uma vida mais saudável, plena e feliz. Já carregar o peso da mudança significa abraçar a possibilidade de transformar sonhos em realidade. Queimar antigas desculpas e medos pode ser desconfortável, mas é o que ilumina o caminho para uma vida melhor.
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