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No esporte e na vida



Como podemos criar um paralelo entre os dois na busca pelo sucesso?   Existem diversos livros e trabalhos que atribuem à mente do vencedor boa parte de suas conquistas e evidenciam a busca pela compreensão de seu funcionamento para desvendar o caminho do sucesso.


Não existe dois atletas iguais. Assim como cada pessoa tem sua própria digital cada atleta possui seu acervo de qualidades que vão sendo forjadas ao longo de suas vidas. Mas o que todos eles tem em comum é a capacidade de serem constantes, implacáveis.


Os vencedores estão constantemente focados em seguir em frente, fazer as coisas, agir e melhorar. Seja na bicicleta, na piscina, no campo de futebol ou no escritório, os vencedores estão se esforçando para ser o melhor que podem ser. Eles não têm medo do trabalho duro. Na verdade, eles adoram, anseiam, absorvem e se tornam melhores com isso.


Eu acredito que os vencedores são feitos e não nascem. Cada um de nós tem qualidades vencedoras e a capacidade de vencer, só temos que juntar essas coisas para alcançar a grandeza. Falando assim até parece fácil. Colocar palavras de efeito em um papel pode não representa  a complexidade do seu significado, mas ja serve de início para começar a mudar uma mentalidade. Aliás alguém lá no passado disse certa vez “Toda mudança começa com uma idéia”. E é verdade.


Não sou uma pessoa de grandes feitos ou fama, mas já tive meus momentos de superação e lembro-me bem, com detalhes que fazem parecer que ainda estou preso naqueles momentos, como é a sensação, o gosto, o sentimento. Nos anos de 2010 e 2011 tive a oportunidade de competir com os melhores ciclistas de montanha do mundo. Atletas do circuito mundial e amadores devotos da dor e sofrimento (vamos deixar bem claro que era nesta segunda categoria que eu me encaixava rss) se reuniram para uma competição de 5 dias que cobriria 700 kms na Chapada Diamantina.



Lembro-me bem dos motivos que me levaram a me inscrever nesta prova, e apesar de possuir enorme expertise na bike e estar em minha melhor fase de condicionamento físico, sabia que de forma alguma teria qualquer chance contra os profissionais que ganhavam a vida fazendo isso. Mas naquele momento eu estava precisando de um desafio novo, algo que me testasse, me preocupasse, me colocasse medo de falhar. Pedalar mais de 100 kms na montanha não era problema naquela época, mas repetir todos os dias por quase uma semana me pareceu uma boa maneira de fazer isso. E se você pedala ou já pedalou, vai me dar razão.


Cada treino que terminava vinha acompanhado de uma certa preocupação e na mesma hora surgia aquela sensação de “Será que será suficiente?”, e  por conta desse sentimento, toda vez que iniciava uma nova semana, eu aumentava as horas de treino.

Ninguém quer se propor a fazer algo e falhar, mas também nunca foi meu estilo me superar em algo sabendo que o êxito no final era garantido. Acredito muito que quanto maior nosso empenho, quanto mais sofrido for a trajetória, quanto maior for o medo superado, mais valerá a pena o desfecho. É quase impossível descrever a sensação, mas desejo muito que você e todo mundo sintam isso um dia, pois não há nada melhor do que vencer todos os obstáculos, medos e barreiras e chegar ao limite máximo das suas capacidades. Nesses breves momentos de glória percebemos que somos fortes e bravos, e nessa mesma hora descobrimos que toda rasteira que nos foi dada, todo desrespeito, medo e inseguranças  passam a valer pena. Mas a única madeira para isso acontecer é continuar buscando a grandeza e estar sempre disposto a tentar de novo, seja para pedalar na Chapada Diamantina, perder peso, mudar de emprego ou qualquer outra atitude que esteja te desafiando e tirando sua paz.


Esperando para largar no primeiro dia de prova, todas as dúvidas sumiram e deram lugar a um único sentimento de “chegou a hora de fazer o que vim fazer aqui”. Não tinha idéia do que iria encontrar durante os dias de prova, mas sabia que cada chegada seria um degrau  que culminaria no maior desafio de pedal que eu teria vivido até aquele momento. Durante aquela semana tivemos muita chuva, muito sol e temperaturas acima dos 40 graus, atravessamos rios, passamos por cachoeiras, trilhas estreitas, estradas, quilômetros empurrando no barro, problemas mecânicos, quedas, etc. Em cada largada no início do dia a organização ficava relembrando aos participantes para não esquecer de hidratar e imploravam para nós não passarmos batido por nenhum ponto de apoio. "Parem e hidratem” eles diziam.


Ao final dos 700 quilômetros, com hematoma nas costas devido a uma queda três dias atras, mancando por causa de uma síndrome do trato iliotibial também adquirida durante a prova, estava sofrendo mas garanto que quando avistei a linha de chegada tudo mudou. “É só isso?” Lembro-me de dizer…. Acabou? (Esse com ar irônico). Eu sabia que seria uma semana dura mas também sabia que, de um jeito ou de outro, iria terminar, afinal eu tinha ido em busca de algo que valesse a pena e testasse minha capacidade de evoluir.


"BRASIL RIDE… MORE THAN A RACE, A STAGE IN YOUR LIFE” esse era o slogan da prova e realmente precisei encarar como um estágio para poder experimentar sentimentos de conquista e superação que me mostrariam uma nova mentalidade de me superar e me sentir bem por isso.






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